Ouvindo os sons internos
Musicoterapia – antes da música, a vibração.
Meu trabalho como educador, a profissão de multi-instrumentista e as atividades de compositor e arranjador contribuíram de forma decisiva na escolha do tema que resolvi pesquisar, e hoje percebo que, na verdade, ele me escolheu.
No início de 2007, a coordenadora da Oficina de Música Sonia Silva, me encaminhou um aluno que participava do trabalho musical dirigido por ela, e que fazia parte de um grupo de alunos excepcionais, atendidos também por psicólogos e terapeutas ocupacionais do Depto. de Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da USP.
Foi assim que, em maio de 2007, comecei a dar aulas de música na Oficina de Música para C., rapaz de 18 anos com diagnóstico de autismo e demência, sob orientação da profª. educadora e arteterapeuta Sonia Silva.
Depois de anos de estudo e trabalho com a questão da formação do pensamento cognitivo em crianças e adolescentes e de seu refinamento através da música, senti que tinha bagagem para iniciar o atendimento, embora considerado por muitos como inglório, pois no autista a transformação parece impossível. Segundo o próprio Prof. Dr. Rolando Benenzon, uma das grandes referências no assunto, trata-se de uma tarefa angustiante! - Observação feita pelo Prof. ao dissertar sobre autismo na II Jornada de Supervisão em Musicoterapia, realizada na FMU, onde participei e tive oportunidade de levar o caso pessoalmente ao Professor Benenzon em 31/08/2007.
Precisei lançar mão de estudos mais profundos do caso e, em dado momento, percebi pequenas sutilezas que acabaram fazendo toda a diferença no meu trabalho. Como se comunicar musicalmente com uma pessoa diagnosticada com autismo e reconhecer suas habilidades? Como estabelecer um “tratamento” diante dos diferentes e tantos graus de autismo?
Através do vínculo existente entre essas duas instâncias — razão/cognição e emoção/alma — revelado na prática, entrei em contato com a riqueza do universo em que vive o autista e pude reconhecer a função dos elementos da música numa abordagem musicoterápica, enquanto ponte para a comunicação e bem-estar.
Aos poucos, no decorrer deste fato, a música trouxe calma e foco, modificando um estado antes agitado e indiferenciado. Para haver comunicação e vínculo, a relação música e musicoterapia manifestou-se como necessária.
Este trabalho não tem a pretensão de responder adequadamente a essas questões por tratar-se de um relato de caso; todavia, espero poder apresentar alguns aspectos que venham a ser considerados na utilização da música junto a essa clientela, contribuindo de algum modo para o estímulo da pesquisa musicoterápica e, sobretudo, para que este trabalho seja o início do aprofundamento de minhas próprias investigações na área.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
"...Valmiki vê um casal de pássaros cantando na relva. Um caçador fere mortalmente o macho e é amaldiçoado pelo poeta com palavras em forma de poema. Brahma ordena que ele cante a façanha de Rama: o rei Maharaja, guardião do gigantesco arco de Shiva, promete Sita, filha da flor de lótus e criada por ele, a quem o entesar. No torneio anual, ninguém sequer ergue o arco. Rama tem uns 14 anos e compleição fraca e se apresenta, guiado pelo sábio Vichvámitra. Hesitante, o rei o aceita como pretendente. Rama vence! Eles se casam em bela cerimônia. Por intrigas, Rama abandona o trono de seu pai e é condenado a 14 anos de exílio. Sita é então raptada pelo demônio Ravana. Rama organiza um exército de resgate, auxiliado por seu ministro que, em forma de gato, entra na cidade e encontra Sita. Um exército de macacos, ursos e demais entidades toma a capital. Com o arco de Shiva e a flecha mágica de Vichvâmitra, Rama decepa as dez cabeças do demônio resgatando Sita, a quem o destino reserva ainda uma dor..."
Assinar:
Postagens (Atom)